SABRINA CAROLINE SOUZA NASCIMENTO
Eu me sentia livre sobre as páginas. Passava horas e horas ouvindo a multidão de pessoas e traduzindo o que elas falavam, como se estar na cabeça de alguém fosse um silenciador dos meus próprios pensamentos. Me movia entre as palavras numa dança espontânea que, aos poucos, se perdeu na monotonia. As histórias ecoavam distantes, e só me restou a vaga lembrança das vezes em que me debrucei naqueles sentimentos.
Ao escrever, minhas palavras desvaneciam como peças desgastadas pelo tempo. Um silencioso adversário se postava diante de mim todas as vezes em que precisava dar vida àqueles relatos. Os meus movimentos se limitavam a um tabuleiro de eternos impasses, abandonado pela fluidez, e o jogo se tornou cinza, perdendo a paleta de significados que coloria àquelas folhas.
A solução foi visitar o que eu tanto evitei. Encarar o desafio e, vencer o meu oponente, era mergulhar nos recantos sombrios de mim mesma: um reservatório de dor criativa e pungente, uma fonte inexplorada de medos e inseguranças. Eu estava cheia de coisas a serem ditas… até que o jogo mudasse de narrativa. Até que a voz ativa fosse a minha – insight.
A liberdade não estava nas páginas. Ela morava em mim.
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